Wlaumir Souza
A abertura da copa lembrou o fato
de quando a situação ouve mais a oposição que seus aliados e neste plano apóia
mais a derrota que a vitória do projeto de origem do Partido. E, pior, isto em um país onde
o governo federal controla uma bancada de aliados, da primeira e da última
hora, capaz de promover uma reforma na Constituição Federal.
Quando
Lula e o Partido dos Trabalhadores e aliados escolheram a vertente de coalizão
com o projeto FIFA de Copa do Mundo e o das Olimpíadas – como mecanismos para
incrementar obras de infra-estrutura, em especial as viárias e turísticas, e
mais que isto, fazer a empregabilidade crescer apesar dos transtornos da economia
nacional e internacional, – não esperavam que este alvo histórico na trajetória
do PT no governo federal pudesse ser uma das alavancas das oposições.
No
governo federal, o PT passou de partido que defendia e viabilizava a democracia
participativa a ser o que todos os demais eram; partidos de representação
eleitoral bem ao modo criticado por Marx e denunciado pelos anarquistas como a
realidade de todos que se dizem de esquerda, mas querem o poder de Estado. A
guinada do Partido dos Trabalhadores – que alguns já apelidaram de Partido dos
Traidores – não é nova e nada inovadora em questão de teoria ou de prática.
E, para compor
tal bancada no Congresso e viabilizar a realização do projeto Copa do Mundo e
Olimpíadas aliaram-se os trabalhistas, desde o primeiro governo Lula e de forma
ainda mais lapidar para eleger Dilma R., com forças retrógradas do País que não
só foram oponentes históricos da agenda partidária de origem do PT como são,
até o presente, negadores de viabilizar tais processos que transformariam os
rumos políticos, sociais e culturais do Brasil.
Estes aliados de
última hora seguem o conselho antigo: seja amigo de seu inimigo para
controlá-lo. O preço a pagar foi sacrificar as prendas históricas das classes
médias: o fim crescente do vestibular pelo ENEN, as cotas, as “bolsas”. E, o PT
por sua vez colocou na pira do sacrifício alguns de seus aliados históricos
desde a primeira hora ou quase isto: feministas, gays e reformas estruturais.
Assim, paulatinamente, o PT, fecunda os germes de sua própria destruição eleitoral.
Dando tiro no
próprio pé, o PT do governo Dilma, mas não só este, abandonou a questão de
gênero em nome de uma bancada retrógrada. O maior sinal disto é o Plano
Nacional de Educação (PNE) que atendeu as demandas religiosas contra o que denominam,
equivocadamente, mas proposital do ponto de vista do marketing, “ideologia de
gênero” e das etnias.
Neste ponto unem-se
a trajetória das escolhas partidárias com a abertura da Copa. Esta evidenciou
as mazelas do percurso em favor do machismo - inclusive de fundo religioso - do classismo e do elitismo. Ouviram demais as críticas e economizaram onde não
poderiam: na festa e na educação a partir dos princípios norteadores da
educação nacional na defesa de uma educação evolucionista, racional, diversa e
plural na questão de gênero e de etnias e de classes. A ovação inversa que sofreu a presidenta demonstrou na platéia o que se
via na arena do partido: machismo, racismo e elitismo “abençoado por Deus”.
De outro modo,
enquanto Angelina Jolie em meio a uma organização mundial faz uma ofensiva ao machismo, ao racismo e ao elitismo
que viabiliza estupros com impunidade garantida pela cultura, a Presidenta e
seu partido e aliados virando as costas aos seus aliados históricos e não
fazendo a transformação cultural que poderiam realizar, via educação formal pelo PNE,
ouviram o que, no dia a dia, ouvem mulheres, gays, negros e outros diversos dos
modos mais plurais e sintetizados na frase: Dilma vai tomar...
Dilma vai
tomar... foi um clamor machista pelo estupro coletivo da presidenta em arena de
esportes, ou seja, enquanto diversão masculina acompanhada pelo apoio da massa
branca que se sente, devido as cotas, as bolsas e outras estratégias de "divisão" de renda aturdida; quer sejam homens ou mulheres.
Nesta demonstração de poder retrógrado seus oponentes são seus aliados e o que
se viu na abertura é apenas uma amostra grátis do que a Presidenta finge não
ver no cotidiano de gays e mulheres e negros em favor de uma aliança espúria
que sacrifica o laico e o secular como lições histórias de um poder democrático
e republicano. Não por acaso, a presidenta já goza de um apelido entre parte
dos militantes de gênero suprapartidário – Dilmá.