sábado, 14 de junho de 2014

Abertura da Copa e o machismo, racismo e elitismo: Dilma vai tomar...

Wlaumir Souza
A abertura da copa lembrou o fato de quando a situação ouve mais a oposição que seus aliados e neste plano apóia mais a derrota que a vitória do projeto de origem do Partido. E, pior, isto em um país onde o governo federal controla uma bancada de aliados, da primeira e da última hora, capaz de promover uma reforma na Constituição Federal.
                Quando Lula e o Partido dos Trabalhadores e aliados escolheram a vertente de coalizão com o projeto FIFA de Copa do Mundo e o das Olimpíadas – como mecanismos para incrementar obras de infra-estrutura, em especial as viárias e turísticas, e mais que isto, fazer a empregabilidade crescer apesar dos transtornos da economia nacional e internacional, – não esperavam que este alvo histórico na trajetória do PT no governo federal pudesse ser uma das alavancas das oposições.

                No governo federal, o PT passou de partido que defendia e viabilizava a democracia participativa a ser o que todos os demais eram; partidos de representação eleitoral bem ao modo criticado por Marx e denunciado pelos anarquistas como a realidade de todos que se dizem de esquerda, mas querem o poder de Estado. A guinada do Partido dos Trabalhadores – que alguns já apelidaram de Partido dos Traidores – não é nova e nada inovadora em questão de teoria ou de prática.
E, para compor tal bancada no Congresso e viabilizar a realização do projeto Copa do Mundo e Olimpíadas aliaram-se os trabalhistas, desde o primeiro governo Lula e de forma ainda mais lapidar para eleger Dilma R., com forças retrógradas do País que não só foram oponentes históricos da agenda partidária de origem do PT como são, até o presente, negadores de viabilizar tais processos que transformariam os rumos políticos, sociais e culturais do Brasil.
Estes aliados de última hora seguem o conselho antigo: seja amigo de seu inimigo para controlá-lo. O preço a pagar foi sacrificar as prendas históricas das classes médias: o fim crescente do vestibular pelo ENEN, as cotas, as “bolsas”. E, o PT por sua vez colocou na pira do sacrifício alguns de seus aliados históricos desde a primeira hora ou quase isto: feministas, gays e reformas estruturais. Assim, paulatinamente, o PT, fecunda os germes de sua própria destruição eleitoral.

Dando tiro no próprio pé, o PT do governo Dilma, mas não só este, abandonou a questão de gênero em nome de uma bancada retrógrada. O maior sinal disto é o Plano Nacional de Educação (PNE) que atendeu as demandas religiosas contra o que denominam, equivocadamente, mas proposital do ponto de vista do marketing, “ideologia de gênero” e das etnias.
Neste ponto unem-se a trajetória das escolhas partidárias com a abertura da Copa. Esta evidenciou as mazelas do percurso em favor do machismo - inclusive de fundo religioso - do classismo e do elitismo. Ouviram demais as críticas e economizaram onde não poderiam: na festa e na educação a partir dos princípios norteadores da educação nacional na defesa de uma educação evolucionista, racional, diversa e plural na questão de gênero e de etnias e de classes. A ovação inversa que sofreu a presidenta demonstrou na platéia o que se via na arena do partido: machismo, racismo e elitismo “abençoado por Deus”.
De outro modo, enquanto Angelina Jolie em meio a uma organização mundial faz uma ofensiva ao machismo, ao racismo e ao elitismo que viabiliza estupros com impunidade garantida pela cultura, a Presidenta e seu partido e aliados virando as costas aos seus aliados históricos e não fazendo a transformação cultural que poderiam realizar, via educação formal pelo PNE, ouviram o que, no dia a dia, ouvem mulheres, gays, negros e outros diversos dos modos mais plurais e sintetizados na frase: Dilma vai tomar...


Dilma vai tomar... foi um clamor machista pelo estupro coletivo da presidenta em arena de esportes, ou seja, enquanto diversão masculina acompanhada pelo apoio da massa branca que se sente, devido as cotas, as bolsas e outras estratégias de "divisão" de renda aturdida; quer sejam homens ou mulheres. Nesta demonstração de poder retrógrado seus oponentes são seus aliados e o que se viu na abertura é apenas uma amostra grátis do que a Presidenta finge não ver no cotidiano de gays e mulheres e negros em favor de uma aliança espúria que sacrifica o laico e o secular como lições histórias de um poder democrático e republicano. Não por acaso, a presidenta já goza de um apelido entre parte dos militantes de gênero suprapartidário – Dilmá. 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Copa do Mundo no Brasil: Não vai ter copa, cozinha, almoço, jantar, segurança, mobilidade, saúde, educação...

Wlaumir Souza
“Não vai ter copa” é a expressão mais forte do “Movimento não é só por R$0,20”, que em alguns dias passará a ser “Não vai ter Olimpíada” e que ecoará por muito tempo em nossos ouvidos e livros.
“Não vai ter copa” é um símbolo da realidade dos Brasis. Um “grito de guerra” convocando para o despertar diante do fato de que enquanto um grupo restrito se regozija, esbanja e se esbalda em meio aos quitutes dos boleiros, o outro Brasil se manifesta pelo investimento precário em educação, saúde, mobilidade, moradia, segurança, salários dignos em meio ao País que é a sétima economia do globo e fraco na distribuição de renda.

Não por acaso as elites e as classes médias (reais e não aquelas propagandeadas pela campanha político-partidária de nova classe média que é uma camada do proletariado devidamente endividada com o crédito fácil e quase irresponsável que mantém o crescimento interno de modo um tanto quanto artificial) odeiam os programas de distribuição de renda, pois lhes nega o privilégio enquanto “elite local” de explorar, dominar e excluir ao bel prazer da insensibilidade para com os mais pobres – com a meritória(?) exceção da caridade que alivia as consciências e nada muda nas estruturas sociais deixando o dominador com aura de benfeitor e não apenas de feitor de fazenda ou de curral eleitoral ou de apadrinhados dos dominantes.
“Não vai ter copa” expressa que esta se realizará de fato, mas, antes, que não ocorrerá como de costume: com quase todos cantando o hino “vamos todos, pra frente Brasil”. Ou seja, assim como os senhores de escravos dormiam atônitos com a possibilidade do levante da senzala na madrugada que a todos os brancos livres poderia matar, nos nossos dias a “senzala”, todos os tipos de dominados e excluídos, manda lembrança via manifestação social e diz que não se desfrutará da ideologia do brasileiro bonzinho, cordial e outros adjetivos fabricados por uma elite que inculca a submissão como padrão sem que haja resistência pública ao modelo hegemônico.

Copa haverá, mas, não mais como dantes no País da bola com a favela calada e os anarquistas nas algemas do regime do capital (des)humano. À insensibilidade dos dominantes se somará os gritos – contidos pela repressão via monopólio legítimo da violência(?) pelo Estado – nas praças, nas avenidas e onde for possível dizer além da copa a população deseja cozinha, almoço, jantar, segurança, mobilidade, saúde, educação... Desnudando um governo que se propôs como de esquerda e que para todos os lados se enreda com os partidos e elites mais tradicionais e, em alguns casos, mais suspeitos da República Democrática. As denúncias abundarão com a idílica esperança de haja liberdade de expressão na mídia nacional e internacional sem o controle dos interesses transnacionais da FIFA  ou dos anunciantes e patrocinadores.

“Não vai ter copa”, por outro lado, ao aliciar parte da burguesia liberal é uma clara denúncia de que esta acabou com o protecionismo local aos direitos dos abusos dos nacionais contra a sua própria nação e a todos colocou como sujeitos da espoliação internacional em nome de um dos eventos mais lucrativos para os de fora e a revelia da elite verde amarela e do próprio Estado que o isentou de impostos.

 Boa copa a tod@s quer seja com quitutes ou com gritos que vença a democracia e a justiça com gols de um placar há muito equivocado.
Imagina na Olimpíada!!!