sábado, 2 de agosto de 2014

Educação e ética

Wlaumir Souza

                Escrever sobre educação e ética soa como eco para alguns iluminados. Todavia, a cada dia o desafio da explicitação dos valores na educação cresce. Se até a década de 1980, aproximadamente, a presença da esposa-mãe no lar se traduzia em um acompanhamento diuturno do que e como as crianças faziam e, portanto, se estava de acordo com os valores representados por aquela família, no terreno da moral; hoje, pelo contrário, a redução da renda do tradicional provedor – o pai;  e mesmo as famílias compostas por mãe e filho ou pai e filho entre tantas outras configurações de laços de sangue e de amor – obrigou o cônjuge ou parceiro a ingressar no mercado de trabalho para dar conta das demandas do lar.
                Isto posto, fez com a escola enfrentasse dois novos desafios. Primeiro, a democratização do acesso à escola. O que abriu as portas das salas de aula para crianças que não representavam o cotidiano burguês e seus valores. Segundo, mesmo a criança com valores burgueses não encontrava mais no lar a possibilidade educativa dos valores e regras como a geração anterior.

                Paulo Freire atento a estas questões demonstrou com sabedoria e conhecimento que não era mais possível à escola apenas ensinar os tradicionais conteúdos escolares, mas, que urgia à escola também educar e, assim, assumir mais um compromisso com a sociedade que ia para além da explicação de fórmulas, datas, elementos e passar a compor o cenário de tradutora dos valores aceitos pela sociedade.
Este feito é de uma complexidade sem precedentes. Outrora o educando chega a escola com valores morais razoavelmente acentuados e passa a discuti-los do ponto de vista ético com a comunidade educativa e educadora. Agora, não. A moral é perpassada pelos meios de comunicação, pela família, pela vizinhança e sobretudo por uma escola com parcos recursos humanos e materiais.

Se desejamos e aspiramos e trabalhamos por uma sociedade melhor, precisamos do implemento disciplinas de Ética e para além deste que o cotidiano escolar possa traduzir em ações os valores éticos assumidos pelo humanismo na busca da paz, da solidariedade à diversidade e a pluralidade. Sem isto, teremos cidadão cada vez mais atomizados e preocupados apenas com uma questão, a reprodução do capital para a própria subsistência o que equivale ao salve-se quem puder. E, nada mais imoral e antiético que isto.