Que
Temer é um conservador não há o que discutir. O que o Dia Internacional das
Mulheres desvelou é que ele é mais que isto, é um retrógrado. Ou para, além
disto, ele tem problemas quanto a questão é mulher independente, livre e
emancipada que a Constituição de 1988 tornou uma realidade legal, respondendo
as demandas feministas por uma realidade de paridade de poderes entre homens e
mulheres no espaço público e privado. Talvez isto tenha haver com sua origem
étnica.
A
matéria da Revista Veja, de abril de 2016, com o título “Bela, recatada e do
´lar`” era um prenúncio do que assistiríamos a partir do Impedimento da
Presidenta Dilma Roussef no que diz respeito a questão da mulher e do feminino.
De lá para cá temos descido ladeira abaixo no que diz respeito às políticas
públicas e ao empoderamento das mulheres e a problemática das violências que
sofrem: econômica, política, social, simbólica entre outras além da
invisibilização de dados patrocinada pelo Estado.
O
projeto de redução da visibilidade da mulher iniciou-se pela nomeação dos
ministérios, todos homens e apenas um homossexual assumido, o que fez alguns
pensarem equivocadamente que ele seria um gay-friendly.
Mas, este aparato de Estado ainda era pouco para conter os avanços das últimas
décadas democráticas. Bem mais que isto, era preciso um projeto arrojado de
exclusão da mulher, do feminino e dos pobres, de modo geral.
Para
tanto se tornou necessário o controle das mentes e para isto a reforma do
ensino com a transformação das disciplinas obrigatórias de Sociologia,
Filosofia e História, principalmente, em conteúdos transversais faz parte do
modelo “patriarcal” de poder. Estas disciplinas têm o poder de contextualizar e
interpretar o poder, o capitalismo e as políticas e, para além disto, seus
conteúdos com a visão de baixo, dos excluídos, dos invisibilizados podiam
tornar possível a tomada de consciência de homens e mulheres sobre a violência
de gênero retomada como estratégia de controle, exploração e dominação, tema
tão temido por conservadores, retrógrados e legitimados por várias igrejas e
crenças sociais misóginas.
Inviabilizar
a reflexão sobre a questão da mulher e do feminino, e não apenas, mas, também
do negro e outros excluídos do poder, como LGBTTT, fez-se urgente nesta ideação
de poder masculino e branco.
A
cereja da concepção retrógrada foi a fala do Presidente em homenagem a mulher
no seu Dia Internacional de luta pela igualdade de gênero. Os afazeres domésticos,
com destaque para as compras no supermercado, são uma das maiores contribuições
da mulher à sociedade e ao Estado, disse o presidente TEMERário.
Não
seria preciso criticar isto se não fosse poucos entre os dominados que com ele
acordaram, inclusive a Primeira Dama por introjetar o dominador como certo, bom
e valente, eufemismo para violento.
Tempos
Temerários nos cercam e a questão da mulher e do feminino é apenas um em meio a
um plano de exclusão sem precedentes na História Republicana Democrática do
Brasil para consolidar a exploração capitalista. O verdadeiro ideal que os move
é o patriarcal escravocrata com salários baixos e trabalho até a morte
associados a privilégios de Estado, a famigerada estadania tão idolatrada no
Brasil burocrático patrimonialista.
E.
como se não bastasse o desenho nacional misógeno encontrou um parceiro forte em
Donald Trump nesta visão reacionária que se diz, no púbico, para salvar os
pobres da miséria, vemos um processo organizado de retomada do poder pelo
tradicional dominador: o homem, branco, heterossexual.
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